Portugal é um país historicamente exposto a riscos sísmicos, em particular devido à sua localização geográfica, na convergência das placas tectónicas Euroasiática e Africana. Apesar disso, um número surpreendentemente baixo de proprietários de imóveis em Portugal possui seguro contra fenómenos sísmicos, o que levanta preocupações sobre a vulnerabilidade das habitações e a preparação do país para futuros eventos sísmicos. Este artigo explora as razões para essa baixa adesão ao seguro de sismos e discute as possíveis consequências e soluções para esta questão.

A realidade sísmica em Portugal
Portugal já foi palco de alguns dos sismos mais devastadores da história europeia, com o mais notável sendo o terremoto de Lisboa em 1755. Este evento de grande magnitude, seguido de um tsunami e incêndios, destruiu grande parte da capital e resultou em milhares de mortes. Além disso, mais recentemente, outras regiões, como os Açores e o Algarve, também têm experienciado atividade sísmica considerável.
Embora o país tenha um histórico sísmico significativo, a perceção pública sobre a necessidade de proteção financeira contra esses desastres naturais parece ser limitada. Segundo dados recentes, menos de 20% das habitações em Portugal têm cobertura específica para sismos, o que deixa a maioria dos imóveis expostos a potenciais perdas catastróficas.
Razões para a baixa adesão ao seguro de fenómenos sísmicos
Vários fatores contribuem para a baixa adesão ao seguro de fenómenos sísmicos em Portugal:
Desconhecimento e subestimação do risco: Muitos proprietários de imóveis desconhecem ou subestimam o risco de um sismo significativo afetar as suas propriedades. A ausência de eventos catastróficos recentes pode criar uma falsa sensação de segurança.
Custo do seguro: Para alguns, o custo adicional de adicionar cobertura de fenómenos sísmicos à apólice de seguro multirriscos é visto como elevado. Em regiões onde a probabilidade de um sismo é percecionada como baixa, o investimento em tal cobertura pode não parecer justificado.
Confiança na construção moderna: Existe a crença de que as construções modernas, projetadas para resistir a abalos sísmicos, eliminam a necessidade de seguro. No entanto, mesmo com normas de construção mais rigorosas, a total imunidade a sismos é uma ilusão, além disso acredita-se que a construção em portugal não seja totalmente efetiva para aguentar um sismo de magnitude elevada.
Falta de incentivos: O governo e as instituições financeiras não têm incentivado suficientemente a contratação de seguros de sismos. Em muitos países, subsídios ou benefícios fiscais são oferecidos para promover a adesão, algo que poderia ser implementado em Portugal. Infelizmente, Portugal não possui um fundo sísmico, ao contrário de outros países, o que resulta de uma carência clara em Portugal. Consequências da falta de seguro
A ausência de seguro de fenómenos sísmicos pode ter consequências devastadoras para os proprietários de imóveis e para a economia em geral:
Impacto financeiro individual: Em caso de um grande sismo, aqueles sem seguro podem enfrentar perdas financeiras significativas, a perda das suas casas sem compensação. A reconstrução ou reparo dos danos pode ser impossível sem seguro, levando à perda de habitação.
Impacto económico nacional: Um evento sísmico de grande magnitude sem cobertura adequada poderia colocar uma grande pressão nos recursos do governo, que teria de lidar com os custos de recuperação e apoio às vítimas. Isso poderia desviar recursos de outras áreas críticas da economia.
Impacto social: A falta de seguro pode agravar desigualdades sociais, com famílias de baixos rendimentos são as mais vulneráveis, tanto economicamente como em termos de segurança habitacional. Possíveis soluções
Para enfrentar este desafio, várias medidas podem ser implementadas:
Campanhas de conscientização: É crucial aumentar a conscientização pública sobre os riscos sísmicos e a importância do seguro. Informar os proprietários sobre as reais consequências de não possuir cobertura.
Incentivos governamentais: O governo pode considerar a introdução de incentivos fiscais ou subsídios para reduzir o custo do seguro de sismos, tornando-o mais acessível a todos.
Revisão das normas de seguro: Tornar a cobertura de sismos obrigatória para todas as apólices de seguro habitacional, ou pelo menos para as regiões de maior risco, garantiria uma proteção mais ampla da população.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.